Pascal e a Inquietação Moderna / A Verdade como Regra das Ações (Editora Copista Moderno)

Por Jackson de Figueiredo / Farias Brito

Código do livro: 643849

Categorias

Política Social, Nacionalismo, História & Teoria, Teologia, Religião, Ciência Política

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Sinopse

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A VERDADE COMO REGRA DAS AÇÕES

O trabalho que é aqui oferecido ao público é o complemento prático da obra em que estou trabalhando, há já alguns anos, sob o titulo geral de Finalidade do Mundo, e de que foi publicada a primeira parte em 1894, a segunda em 1899, estando já quase concluído e prestes a sair do prelo o 1º volume da 3a parte. É também o curso que estou fazendo no 1º ano da Faculdade de Direito do Pará, tratan- do-se assim de um livro destinado ao ensino. O trabalho é extenso; mas, para servir aos meus alunos ou companheiros de estudo, irei fazendo a publicação por partes sucessivas.

Este primeiro fascículo compreende o desenvolvimento dos 13 primeiros pontos do programa que organizei e foi aprovado em congre- gação. Irei preparando gradativamente o desenvolvimento dos outros pontos.

Trata-se, no fundo, de deduzir um critério da conduta, sendo que, a meu ver, é a filosofia moral que deve servir como introdução neces- sária ao estudo do direito. Neste sentido pode-se dizer que a jurisprudência é uma ciência prática que está para a ciência moral, como a engenha- ria para as matemáticas, como a medicina para as ciências naturais. E como é direta e imediatamente da filosofia, como concepção do todo universal, que deriva, em particular, a filosofia moral, por isto é como um complemento prático ou derivação imediata da teoria da finalidade que proponho este ensaio. As minhas diferentes publicações formam assim um todo sistemático cujo plano definitivo compreende as seguintes obras que formarão a síntese completa do meu pensamento:

1 - A Filosofia como atividade permanente do espírito humano

2 - A Filosofia moderna

3 - O Mundo como atividade intelectual

4 - A Verdade como regra das ações

De O Mundo como Atividade Intelectual está já pronto o 1º volume (esta obra ficará em dois volumes); e de A Verdade como regra das ações saem aqui os primeiros capítulos. O meu pensamento fundamental é este: que a finalidade do mundo é o conhecimento. É o que resulta, como uma conseqüência imediata, da concepção do mundo como atividade intelectual, porque se o mundo deve ser compreendido como uma atividade intelectual, é evidente que como tal, somente pode ter por fim o conhecimento. É como se a evolução universal fosse um esforço permanente do cosmo para adquirir consciência de si mesmo. Ora o conhecimento tem por objeto a verdade. Por conseguinte é a verdade que se apresenta como aspiração suprema toda a existência.

E eu vou neste ensaio explicar que é também a verdade que se impõe como regra às nossas ações.

Apresento em seguida o programa a cujo desenvolvimento completo me proponho.

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PASCAL E A INQUIETAÇÃO MODERNA

Publico este trabalho sobre Pascal e a inquietação moderna para aproveitar o que pude salvar de volume muito mais alentado que compusera, há anos, quando ainda não me sentia, em matéria de filosofia e de crenças, o que, graças a Deus, hoje sinto que sou, isto é: um católico, na mais rigorosa significação do nobilíssimo termo, um homem que, conscientemente, abdicou do seu individualismo intelectual nas mãos amantíssimas da Igreja Católica.

Quando abordei este problema o fiz certo de que abordava um dos mais interessantes e sérios do pensamento moderno. Em verdade, foi Pascal o homem que, sem ter consciência talvez do que fazia, pela força mesma de sua alma, se fez símbolo da alma moderna, no que tem esta de propriamente universal, alma crepuscular e em cujo fundo de melancolia, se agitam tantas forças contrarias, a ponto de desorientar o mais arguto observador que, de boa-fé, não pode dizer se tal crepúsculo é o de uma esplêndida manhã, ou se estamos nos limites de uma tremenda e horrível noite.

Neste sentido foi que estudei a obra de Pascal, que outros pensadores já me haviam revelado, e, depois disto, esforcei-me por seguir, no período moderno da história, as correntes de sentimentos e de ideias que claramente refletem a sua trágica, comovente atitude diante da vida.

É evidente que não quis fazer coleção de pequeninos factos de ordem intelectual, que se relacionassem com o espírito pascaliano. Busquei mostrar somente o que, no individualismo moderno – note-se bem a repetição, porque não me refiro só ao contemporâneo – em suas diversas manifestações: na Religiosidade, na Filosofia, na Poesia, mais se ressente da influência do grande pensador francês . Aliás, para exemplo de contemporâneos, não esquece demonstrar que, entre os excessos contidos na obra de Pascal, é possível descobrir as bases de um vasto plano filosófico e religioso, de que se exclui toda e qualquer macula individualista.

A meu ver, nada também nos interessa mais a nós, brasileiros, de cultura tão acentuadamente francesa, que a lição do martírio espiritual daquela raça, de ideias e sentimentos modelados pela força benéfica da Igreja, do momento em que rompeu violentamente o quadro de tradições da sua atividade intelectual. E não pouco poderemos aproveitar, suponho, do espetáculo desta mesma desordem quando já refletida, de longe, pela alma de outros povos menos afeitos ás lutas entre o espirito civilizador e o espirito de negação. Ora, nós já temos pago tributo não pequeno, nós, brasileiros, a este espirito de negação, que ora se paramenta de todas as falsidades do sentimentalismo e falseia o que o próprio sentimentalismo tem de útil e socialmente generoso, ora se veste das mais pedantescas ilusões filosóficas e científicas, mal escondendo fúrias niilistas, instintividades brutais, horror ao senso-comum, ódio de morte à Religião e à Moral.

Em meio de tudo isto, porém, por que somos, indubitavelmente, uma das mais formosas criações do gênio da Igreja, porque somos os filhos afortunados da ordem e do amor que, aqui, só a Companhia de Jesus soube deveras implantar, não nos tem faltado, ao lado do que é pensamento propriamente católico, a ajuda de uma certa corrente filosófica a que, apesar do seu fundamental individualismo, mantem sempre viva a chama do nosso entusiasmo pelas coisas do espirito.

De fato, quem estudar com carinho a ação da filosofia espiritualista entre nós, há de, por força, notar que de Magalhães a Farias Brito, nítida se desenha a certeza de que a inteligência brasileira é essencialmente infensa a qual quer sistematização materialista.

Mesmo neste longo período da nossa vida de povo livre, uma única manifestação do ceticismo filosófico teve no Brasil duração notável – a do Positivismo comtista, mas é mister lembrar que esta doutrina, se cética quanto aos seus fundamentos intelectuais, é, no pandemônio do filosofismo moderno, a única também que tentou organizar por sua conta uma reação contra o individualismo, na ordem prática, revestindo-se mesmo de formas e características de uma religião. ......

Características

Número de páginas 229
Edição 1 (2024)
Formato A5 (148x210)
Acabamento Brochura c/ orelha
Coloração Preto e branco
Tipo de papel Offset 75g
Idioma Português

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